etarismo -aniversário de 80 anos - homem idoso abraçado com mulher mais nova

Saiba o que é o etarismo, por que é prejudicial e como combatê-lo

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O etarismo, preconceito que se baseia na idade para supor o grau de capacidade do indivíduo, é um dos responsáveis pela alta taxa de depressão na faixa da população de 60 anos ou mais, além de suportar preconceitos acerca da população madura.

Frases e pensamentos baseados na idade que diminuem indivíduos, mesmo sem intenção, podem ter efeitos mais nocivos do que se pode imaginar. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019 pelo IBGE, os idosos ocupavam o primeiro lugar no ranking de casos de depressão; cerca de 13% da população entre os 60 e 64 anos são acometidos pela doença.

A partir de determinada idade, em especial se vier acompanhada da aposentadoria, o sentimento de inutilidade pode surgir, normalmente pela diminuição das atividades sociais e profissionais dos 60+.

Compreenda mais a fundo o termo etarismo, quais as consequências para a população madura e como a sociedade pode se adequar para garantir melhor bem-estar para essa faixa da população.

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O que é o etarismo?

Etarismo, idadismo ou ageísmo são sinônimos para o preconceito baseado na faixa etária do indivíduo, mais comumente destinado a idosos. De acordo com o Relatório Global sobre Preconceito de Idade, desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde, ageísmo se refere “aos estereótipos (como pensamos), preconceito (como nos sentimos) e discriminação (como agimos) dirigido às pessoas com base na sua idade”.

E, infelizmente, ele é muito mais comum e danoso do que se possa imaginar. Conforme o mesmo levantamento, uma em cada duas pessoas no mundo já apresentou ações consideradas discriminatórias, que impactam diretamente no bem-estar da pessoa madura.

Esse comportamento ocorre de forma reiterada e tão enraizada que é visto como algo normal e prática aceitável. A tal ponto que o etarismo passa a ser institucional, ao encontrar suporte em regras sociais, regulamentações, políticas e práticas que restringem o acesso e as oportunidades para a população madura.

O etarismo é sustentado pela ideia de que a idade está ligada diretamente à capacidade do ser humano em tomar decisões, exercer atividades profissionais e, inclusive, executar tarefas simples do cotidiano.

É muito comum, por exemplo, que idosos recebam um tratamento equivalente ao destinado a crianças, como se o passar dos anos fosse equivalente a retrocesso no desempenho cognitivo, intelectual e social.

Além da prerrogativa das limitações físicas, existe, portanto, a ideia de que essa faixa da população também deixa de ter vontades, desejos, racionalidade e autonomia. Tal ideia é ultrapassada, tendo em vista o aumento da expectativa de vida da população como um todo, acompanhada nas últimas décadas de avanços que propiciaram a melhora na condição de saúde da população idosa e a democratização do acesso à informação e à tecnologia.

A pessoa madura é tão capaz de viver, se atualizar e atuar como qualquer outro cidadão adulto. Os entraves causados pelo etarismo, portanto, são muito mais externos que internos, baseados em prerrogativas ultrapassadas e injustas.

Exemplos de frases e situações que representam o etarismo

Apesar do natural envelhecimento da população, que já representa um quinto dos brasileiros conforme estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), os exemplos da prática do etarismo estão em abundância na rotina da sociedade. 

Por exemplo, quando uma pessoa idosa está na fila do caixa eletrônico é comum que os demais prefiram uma fila mais longa, a esperar que ele utilize o equipamento, partindo da suposição que a pessoa madura terá dificuldades em lidar com o sistema.

O mesmo ocorre quando, no trabalho, os gestores preferem atribuir atividades emergenciais para colaboradores mais novos porque, teoricamente, terão mais facilidade em desempenhar a função.

Ainda no âmbito profissional, a taxa de contratação de idosos é extremamente baixa e quando esse trabalhador perde o emprego, ou precisa se afastar, automaticamente acaba encontrando barreiras a mais para retornar ao mercado de trabalho, quando o consegue.

Mesmo que tenha as competências requeridas para cumprir com as atividades de um cargo, encontra maior resistência para ser selecionado simplesmente por pertencer a uma faixa etária mais madura. Outra ação característica do etarismo muito comum é desconfiar da versão da pessoa idosa referente a fatos, seja em um testemunho, uma história, ou até mesmo durante um relato médico. 

Além do pensamento e de uma sociedade que não possui estrutura para garantir o bem-estar do idoso, ainda existem práticas ofensivas para se referir a essas pessoas. Termos como “gagá”, “senil” ou “antiquado” são comumente usados para caracterizar, de forma pejorativa, a faixa etária 60+, criando, assim, um ciclo de preconceito que se estende para o convívio e relacionamentos externos. 

Tendo em vista este cenário, o Movimento Atualiza, em parceria com a Associação Brasileira de Anunciantes, desenvolveu o “Guia de boas práticas de combate ao etarismo” listando ações, frases e pensamentos que podem parecer normais, mas que precisam ser urgentemente atualizadas.

Entre os exemplos listados pelo guia estão frases como “ele está muito velho para mudar de profissão”, “lugar de idoso é em casa” ou mesmo “me esqueci de novo, estou ficando velha”.

Envelhecimento da população e o preconceito etário

É natural que a conduta social evolua para atender às mudanças de comportamento. No mundo atual, o envelhecimento da população é uma realidade nos países desenvolvidos e está se estabelecendo também nos demais. 

De acordo com Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2030 o Brasil terá uma configuração etária parecida com o Japão e a Europa, que já ocupam as primeiras posições no ranking de envelhecimento populacional. Até lá, o país estará entre os 5 com maior percentual de população acima de 60 anos.

A expectativa é que o número de idosos ultrapasse o total de crianças entre zero e 14 anos, em 2030. E, conforme pesquisas da Organização Mundial de Saúde, a faixa populacional de 60+ deve chegar a 2 bilhões de pessoas em 2050.

E essa tendência deve se manter, afinal, ela é uma consequência do aumento da expectativa de vida, devido à melhora nas condições de vida da população. Mas um marco que deveria ser comemorado tem gerado muita preocupação. Afinal, essa transformação impacta na porcentagem de pessoas da faixa dos economicamente ativos, diminuindo a população considerada produtiva e aumentando os gastos com previdência, saúde e etc.

Ou seja, além do etarismo enraizado na população, ainda há um novo peso sobre a população idosa. Por isso, é tão emergencial acelerar a criação e efetivação de políticas públicas e sociais que garantam à população idosa mais dignidade e bem-estar nessa nova estrutura etária. 

Um dos principais desafios do Estado e da sociedade em geral será garantir que tais indivíduos terão seus direitos à dignidade e igualdade garantidos. Neste sentido, destaca-se que, no Brasil, as principais regras que visam à dignidade e bem-estar da população idosa estão no Estatuto do Idoso, derivados ainda dos direitos fundamentais.

Quais os impactos do etarismo para a saúde e qualidade de vida?

Acredita-se que os impactos do etarismo vão muito além do convívio social. Na prática, há consequências relacionadas ao aumento do risco de violência, abuso físico e financeiro, além de outras restrições.

O etarismo possui, portanto, impactos profundos no bem-estar e na saúde do idoso. Afinal, ao ter a sua capacidade e competência questionadas, a pessoa idosa passa a sentir ainda mais receio de realizar funções do cotidiano e tende a ratificar o preconceito, apresentando, assim, maior dificuldade de se recuperar, demonstrar sua capacidade e atuar na plenitude de suas capacidades.

O medo de falhar e ser julgado pela sua faixa etária também faz com que tais pessoas comecem a se isolar do convívio social. O que, naturalmente, diminui o contato com as mudanças e evoluções do mundo, dificulta o aprendizado e aumenta a insegurança financeira e a incidência de casos de depressão.

Além dessas questões, a exclusão e descriminação desincentiva a busca por cuidados físicos e mentais, aumentando os riscos de adoecimento, vícios e morte precoce. Algumas pesquisas identificaram, inclusive, que o etarismo pode deixar o idoso mais suscetível a doenças crônicas cardíacas, ortopédicas e, até mesmo, acelerar a piora da capacidade cognitiva. 

O etarismo, portanto, corrobora com o distanciamento entre gerações, mantendo o idoso à margem da sociedade. Conclui-se, então, que diminuir o indivíduo devido à faixa etária gera impactos no âmbito social, econômico, físico e psicológico. 

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Boas práticas para combater a discriminação baseada na idade

O etarismo impede que a sociedade evolua e fere diretamente o bem-estar, os direitos à dignidade humana e à igualdade. Cabe, portanto, aos órgãos públicos e à sociedade desenvolver estudos e práticas para combatê-lo.

Apesar de ser um assunto de debate recente, o etarismo já foi identificado por estudiosos há muito tempo. Ele foi utilizado pela primeira vez em 1969, pelo jornalista Robert Butler e em 1990, Erdman B. Palmore, gerontologista americano, publicou em 1990 “Ageism: Negative and Positive”. O livro fala sobre a institucionalização da discriminação etária e como a população deveria enxergar os pontos positivos do envelhecimento, conectando a idade à economia e experiência.

Esses estudos abriram portas para que a sociedade começasse a visualizar a pessoa idosa como indivíduo capaz, ativo, autônomo e consciente. Mas esse processo é lento e, portanto, é fundamental que algumas práticas sejam implementadas para agilizar a inclusão do idoso e minimizar atitudes depreciativas. 

Segue abaixo algumas das principais recomendações para combater o etarismo:

  • Informação e conscientização

Como mencionado, a formação do etarismo começa logo na infância, com frases, posturas e atitudes que são internalizadas pela criança, fazendo com ela não somente reproduza esse pensamento, ao lidar com idosos, mas também carregue essa visão até sua terceira idade.

Uma das melhores práticas, portanto, para combater a discriminação baseada na idade é formar indivíduos capazes de desvincular a idade com a capacidade. E, claro, possibilitar que o idoso também tenha acesso à oportunidade de estudo e aprendizado.

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  • Políticas públicas e legislação

Existem, hoje, algumas normas, instituições, leis e políticas públicas com o intuito de combater o preconceito etário.

Além disso, qualquer cidadão pode entrar em contato com o Disque 100, caso presencie ou vivencie qualquer atitude de violência física, financeira ou psicológica a idosos

Em relação à proteção financeira, um dos maiores problemas atrelados ao etarismo, o governo federal também aplica cursos para prevenir abusos e proteger o idoso de fraudes, ataques e golpes financeiros.

É importante reiterar que a Constituição Federal de 1988 também protege o idoso contra o etarismo, ao prever que “a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”.

Garantir a igualdade, dignidade e suporte é, portanto, não apenas um direito do idoso como um dever da sociedade e do Estado. Inclusive, o desrespeito a algumas dessas normas é considerado ilegal e passível de punição. 

Discriminar a pessoa idosa, por exemplo, dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade, é pode gerar pena de reclusão de seis meses a um ano, mais multa, conforme o Estatuto do Idoso.

  • Inclusão

Por fim, uma das melhores práticas para evitar o etarismo e minimizar seus efeitos é incluir a pessoa idosa em todos os setores da sociedade, sem o viés pejorativo, generalista e superficial do preconceito etário. Pode ser um processo lento, mas a inserção da pessoa idosa nos meios de comunicação, publicidade, mercado de trabalho e convívio social é emergencial.

Por exemplo, na inserção em campanhas publicitárias, que não tenham, necessariamente, o apelo ao rejuvenescimento, ou ações focadas na terceira idade, pois essa exclusão afeta diretamente na identificação e no desejo de consumo, corroborando para o distanciamento de gerações.

Por outro lado, cabe à sociedade combater comentários e falas que possam discriminar o indivíduo segundo a sua idade. Quanto antes começar a inclusão do idoso e o combate à discriminação etária, mais rápida será a evolução e menores serão os impactos para a atual população dos 60+ e a futura.


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