O câncer de mama pode afetar aproximadamente 66 mil pessoas até 2022, conforme dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer). Embora esta seja a principal causa de morte entre mulheres, especialistas destacam que os diagnósticos e tratamentos para câncer de mama feitos precocemente aumentam consideravelmente as chances de cura.
Diante do avanço da doença, os gastos públicos com o tratamento mais que dobraram nos últimos dez anos, segundo as informações divulgadas pelo Ministério da Saúde. Além disso, a criação da campanha Outubro Rosa têm exercido um papel fundamental para reduzir o índice de mortalidade e ampliar o acesso à informações sobre prevenção.
Saiba mais sobre a campanha, as alternativas para o tratamento do câncer de mama, os gastos necessários e, sobretudo, como se prevenir.
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Outubro Rosa
Criada em 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, a campanha Outubro Rosa faz parte de um movimento internacional que conta com uma série de ações que objetivam o compartilhamento de informações para promover a conscientização acerca do câncer de mama. As atividades acontecem ao longo de todo o mês de outubro.
No Brasil, a primeira ação voltada para a campanha ocorreu em 2002, ano em que o Obelisco do Ibirapuera foi iluminado com a cor rosa.
Segundo dados do Inca, com exceção da região Norte, na qual o câncer de colo de útero é a principal causa de morte no público feminino, o câncer de mama é o principal causador de óbitos no país.
Somente em 2020, 49.692 novos casos de câncer de mama foram registrados. O órgão estima que até 2022, 66.280 novos casos surjam entre as brasileiras, o equivalente a 61,61 casos a cada 100.000 mulheres.
Os dados sobre tratamento, por sua vez, revelam que até o mês de agosto de 2021, 108,8 mil mulheres tratavam o câncer de mama.
É válido destacar que, embora o câncer de mama esteja mais associado a mulheres, ele também pode acometer homens. Em 2019, 227 homens foram vitimados pela doença. Estima-se que até 1% do total de casos sejam com homens e, em situações como essa, o diagnóstico e tratamento é semelhante aqueles feitos em mulheres.
Quanto custa o tratamento para câncer de mama?
As alternativas de tratamento para o câncer de mama são individualizadas para o contexto do paciente, as características do tumor e extensão da doença (classificados em estadiamentos I, II, III e IV).
Conforme dados do Inca, os tratamentos são divididos em dois grupos:
- tratamento local, feito com cirurgia e radioterapia (para estádios I, II e III)
- tratamento sistêmico, feito com quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica (estádio III e IV)
De modo geral, os valores oscilam de acordo com o tipo de tratamento e com o estágio do câncer. Estágios iniciais são mais baratos quando comparados aos mais avançados.
Um estudo feito pelo Observatório de Oncologia em 2016 revelou que o custo médio por paciente do tratamento para câncer de mama no estágio inicial fica em torno de R$ 11,3 mil. No terceiro estágio, o valor médio por pessoa sobe para R$ 55 mil.
Custos no SUS do tratamento do câncer de mama
Apesar do alto custo do tratamento do câncer de mama, todos os procedimentos oncológicos podem ser realizados gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, entre 2019 e 2021 a pasta investiu mais de R$ 379 milhões para a realização de 8,7 milhões de exames de mamografia. Além disso, mais de R$ 14,5 milhões foram desembolsados para 16,1 mil em reconstruções mamárias e R$ 21,7 milhões foram destinados a 51,4 mil cirurgias para o tratamento do câncer.
Outros R$ 714 milhões foram usados para 4,2 milhões de tratamentos de radioterapia e quimioterapia, no mesmo período.
De acordo com dados da pesquisa “Número de casos e gastos com câncer de mama no Brasil atribuíveis à alimentação inadequada, excesso de peso e inatividade física”, elaborada pela Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) do INCA e apresentada em 2021, cerca de 13% dos casos de câncer de mama no Brasil ocorridos no ano passado poderiam ser evitados pela redução de fatores de risco relacionados ao estilo de vida, em especial, da inatividade física.
A pesquisa também apontou que quase 13% dos gastos federais do SUS em 2018 com o tratamento de câncer de mama (R$102 milhões) seriam poupados pela redução de fatores de risco comportamentais, mais uma vez com atenção especial à atividade física, que detém a maior fração (5%) dos casos de câncer de mama evitáveis pela adoção da prática.
Atendimento gratuito pelo SUS
A Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, de 2019, garante o tratamento integral, de forma regionalizada e descentralizada em estabelecimentos como a Unacon (Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia) e o Cacon (Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia), os quais atuam integralmente no diagnóstico e tratamento.
De acordo com dados do Inca, existem 317 unidades e centros especializados no tratamento para câncer, nos quais os pacientes podem fazer desde exames até cirurgias complexas.
Aqueles que já receberam o diagnóstico devem procurar a UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima e levar os exames até o local. Quem não possui o diagnóstico deve fazer o agendamento do exame, também na UBS.
Se houver identificação ou suspeita de câncer de mama, a paciente é encaminhada ao centro de especialidades para a realização de outros exames. Após a confirmação do diagnóstico, a paciente tem até 60 dias para o início do tratamento em centros de atendimento oncológicos, prazo fixado pela Lei 12.732/2012.
Ao se deparar com qualquer tipo de dificuldade em relação ao atendimento, o paciente pode entrar em contato com a Ouvidoria do SUS por meio do telefone 136 (ligações gratuitas), pelo site Fala.BR ou pela ouvidoria do SUS de seu Estado. Existe também a possibilidade de entrar em contato com a secretaria municipal de saúde.
Como prevenir o câncer de mama?
A principal forma de fazer o diagnóstico precoce da doença é por meio do exame clínico da mama, feito por profissionais da saúde especializados. Se durante o exame for identificado algum tipo de alteração nas mamas, é recomendado que a paciente faça a mamografia, um exame de radiografia dos seios.
O exame clínico das mamas deve ser feito anualmente por mulheres com 40 anos ou mais. Já a mamografia é indicada para mulheres que possuem entre 50 e 69 anos de idade, com intervalo de dois anos.
Contudo, mulheres que tiveram casos da doença na família em pessoas com menos de 50 anos, assim como aquelas que tiveram o câncer de mama ou câncer de ovário devem fazer a mamografia anualmente.
Ainda de acordo com o levantamento do Inca, das 2,2 milhões de mamografias realizadas no último ano, o exame que detecta a doença, 2,2 milhões foram feitas como forma de prevenção e 300 mil por encaminhamento, após suspeita em exame clínico.
O auto-exame também é uma alternativa para a prevenção. Ele pode ser feito pela própria pessoa, com o toque nos seios. Caso identifique alguma alteração, deve-se procurar profissionais da saúde.
Por fim, uma alimentação saudável e equilibrada com frutas, legumes e verduras, aliada à prática regular de exercícios físicos e ausência de tabagismo também são práticas que podem ajudar a prevenir diversas doenças, como o câncer de mama.
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