A crise econômica deflagrada pela pandemia de coronavírus se refletiu no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que diminuiu 4,1% em 2020, ficando em R$ 7,4 trilhões. O resultado representa a maior retração dos últimos 24 anos.
A queda interrompeu, ainda, crescimento contínuo dos últimos três anos (de 2017 a 2019), quando o indicador acumulou alta de 4,6%. O PIB per capita, ainda, teve recuo recorde de 4,8%, chegando a R$ 35.172.
Apenas o 4º trimestre registrou índices positivos, com crescimento de 3,2%.
Mas o que esses números significam para a economia nacional como um todo e como podem afetar as finanças dos brasileiros? Saiba mais na análise a seguir.
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O que é o PIB?
Antes de mais nada, é importante introduzir uma pequena explicação sobre o que é o PIB, um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia.
O índice é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em um país, Estado ou cidade, em valores monetários e durante um período de tempo. Já o PIB per capita é esse valor dividido pelo número de habitantes da região em questão.
No Brasil, o cálculo é divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que usa uma variedade de dados para fazer a apuração.
Resumo do PIB brasileiro por atividade em 2020
A pesquisa do PIB brasileiro registrou os seguintes resultados por área:
- Serviços: -4,5%
- Indústria: -3,5%
- Agropecuária: +2%
- Consumo das famílias: -5,5%
- Consumo do governo: -4,7%
- Investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo): -0,8%
A seguir, veja mais detalhes e entenda os fatores que influenciaram o resultado.



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Efeito da pandemia no PIB brasileiro
A pandemia foi a principal responsável pela retração no PIB brasileiro, em razão das paralisações totais ou parciais das atividades econômicas devido à crise sanitária.
Em março, quando o país vivenciava a primeira onda da covid-19, a maioria dos Estados precisou implementar medidas de distanciamento, fechando comércios e serviços.
Com isso, o PIB do primeiro trimestre teve queda de 1,5%. O segundo trimestre teve recuo ainda mais dramático, chegando a 9,7%.
Com a flexibilização das restrições no terceiro trimestre, o PIB reagiu com alta de 7,7%, mas voltou a desacelerar nos últimos meses, diante da segunda onda do coronavírus.
Perspectiva positiva
Ainda que os números sejam preocupantes, especialistas defendem que os resultados foram melhores do que o esperado, dado o contexto de pandemia.
Medidas como o auxílio emergencial, o aumento de crédito e outras ações teriam segurado uma queda ainda mais drástica. Com isso, o resultado do PIB ficou acima das projeções mais pessimistas.
Setor de serviços em retração
Como era de se esperar, o setor de serviços sofreu duras quedas, recuando 4,5%. O segmento com o menor desempenho foi o de atividades de serviços, como restaurantes, academias e hotéis. A retração foi de 12,1%.
Em segundo lugar ficaram transportes, armazenagem e correio, com diminuição de 9,2%.
Outros setores afetados foram o de atividade de administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-4,7%); o comércio (-3,1%), e informação e comunicação (-0,2%).
Só as atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados tiveram resultados positivos, subindo 4%. Atividades imobiliárias também fecharam em alta, com 2,5%.
Construção afeta desempenho da indústria
O setor de construção foi o principal responsável pela diminuição de 3,5% na indústria. O segmento teve retração de 7%, depois de ter registrado alta de 1,5% em 2019.
A queda na produção de automóveis e outros equipamentos de transporte, assim como na de vestimentas e metalurgia acarretaram variação negativa nas indústrias de transformação (-4,3%). Eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de recursos também tiveram baixas (-0,4%).
Alguns segmentos, no entanto, apresentaram altas. Foi o caso das indústrias extrativas, que subiram 1,3%. A justificativa é o crescimento na produção de petróleo e gás, que compensou a extração de minério de ferro, em queda.
Agropecuária registra crescimento
O único setor que registrou resultados positivos no PIB brasileiro foi o de agropecuária, com crescimento de 2%. A alta foi resultante dos aumentos da soja (7,1%) e do café (24,4%), que alcançaram produções recordistas.
Outras lavouras, no entanto, tiveram recuos, como como a laranja (-10,6%) e o fumo (-8,4%).
Como a queda do PIB brasileiro impacta as famílias?
O primeiro impacto da retração do PIB que podemos observar no dia a dia dos brasileiros é na capacidade de consumo. Se comparamos os índices desse ano e de 2019, podemos constatar que todas as demandas caíram em 2020.
O consumo das famílias teve o menor índice na série histórica do PIB (-5,5%). O resultado se deve à necessidade de distanciamento social e à deterioração do mercado de trabalho.
O Brasil apresenta uma das maiores taxas de desemprego da atualidade em comparação aos principais países da região, alcançando 13,9% em dezembro de 2020.
Pesquisa da agência Moody’s afirma que o recorde de desempregados no país terá um efeito negativo em cadeia para Estados e municípios, com a consequente redução na arrecadação do Imposto de Renda.
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Outros setores
O consumo do governo também apresentou retrações recordes, com variação de -4,7%. Isso se deve ao fechamento de escolas, universidades, museus e parques ao longo do ano, devido à pandemia.
Além disso, também houve queda na área de investimentos. Depois de dois anos de resultados positivos, a Formação Bruta de Capital Fixo recuou 0,8%. A balança de bens e serviços diminuiu 10% nas importações e 1,8% nas exportações.
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Previsões para o PIB brasileiro
Segundo o mais recente Boletim Focus do Banco Central, as perspectivas para 2021 são mais otimistas. Espera-se que o PIB brasileiro aumente 3,29%.
O ministério de Economia informou projeção similar de 3% a 3,5%. O ministro Paulo Guedes disse recentemente que o crescimento chegue aos 5%, se houver cooperação entre Legislativo e Executivo.
Apesar disso, os primeiros meses do ano trouxeram incertezas. Com as novas medidas de quarentena em razão do aumento dos casos de covid-19, a recuperação da atividade econômica deve ser lenta nestes primeiros meses.
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